Há muito tempo que não visitava o Porto. Os meus últimos dias, como era de esperar, têm sido uma corrida desenfreada pelas ruas do porto, a tratar de fazer as mudanças para a "casa nova", à espera em filas enormes para efectuar a matrícula na Faculdade e toda uma diversidade de coisas que é necessário fazer quando se muda de cidade.
A ideia que tinha do Porto era a de uma cidade fria, cinzenta, feita apenas de betão armado. Hoje, visto que tinha algum tempo livre de tarde, resolvi ir conhecer, a pé (os malditos calcanhares já se queixam), um pouco mais da cidade, para me ir habituando e ir observando os locais e as ruas. Decidi então perguntar se existia alguma biblioteca nesta zona - as pessoas, apesar de já me terem dito o contrário, são muito simpáticas, prontas a ajudar, extremamente hospitaleiras. Indicaram-me a Biblioteca Almeida Garrett, situada no Palácio de cristal.
Em anos passados, já tinha vindo ao Palácio de Cristal em visitas de estudo escolares e com os pais, mas nunca sozinha e digo: estou maravilhada. Sentei-me num banco de madeira com vista para um lago e estou aqui tranquilamente a escrever este mesmo texto.
É incrível o clima de paz e harmonia com a Natureza que se vive. A paisagem com vista para o rio Douro é magnífica, o som do rebolar das folhas secas das árvores que já adivinham o Outono, tudo isso é um óptimo calmante natural. Vêem-se patos a brincar, ou simplesmente a viver mais um dia despreocupado, as famílias passseiam de mãos dadas, casais de namorados trocam mimos e abraços, ouvem-se rastos de conversas e gargalhadas dos jovens sentados nos muros a conversar alegremente e há ainda pessoas que aproveitam para descansar um pouco, enquanto saboreiam a tranquilidade do local, fechando-se num mundo completamente á parte daquele que se vive dos portões do Palácio de Cristal para fora, com os tormentos do dia-a-dia e da cidade movimentada.
Os jardins do Palácio de Cristal passam, então, a ser o local de eleição para uma tarde bem passada e a cidade do Porto um bom lugar para se viver.
[Este texto foi escrito por volta das 15h30 do dia 15 de Setembro]